sexta-feira, março 10, 2006

Presidente de todos os Portugueses... Ou talvez não...

Cavaco Silva não é (e tenho dúvidas se alguma vez o será), presidente de todos os portugueses. Meu não é, com toda a certeza. Respeito a legitimidade democrática que tem para exercer o cargo, mas não nos podemos esquecer que o Hitler e o Salazar também ganharam eleições... Uma das maiores fragilidades da democracia é ser vulnerável ao engano e ao erro. Falo assim porque, na minha perspectiva, a eleição deste senhor para a Presidência da República é um erro. O país não precisa de 2 primeiro-ministros, nem de 2 governos. Muito menos precisa de uma força de bloqueio.
Este governo, apesar dum arraque periclitante, tem vindo a mostrar que, com calma, é possível dar a volta ao país. Os portugueses, como não gostam do governo seja ele qual for, logo arranjaram forma de acalmar os ânimos. Toma lá o Cavaco a Presidente que é para ver se aprendes a não querer o melhor para o país.
Talvez eu seja um traumatizado da geração rasca, mas parece que já toda a gente esqueceu que este senhor liderou o governo mais opressor da história recente, após o 25 de Abril. A quantidade de cargas policiais que foram ordenadas ao longo dos seus mandatos é assustadora. Eu sei, porque era estudante universitário na altura e vi muita gente a levar porrada de forma injustificada. Isto já para não falar dos tristes episódios da ponte.
Em relação às suas virtudes como economista, reconheço-lhe poucas. Existem hoje vários estudos que demonstram que uma grande parte das políticas seguidas pelos seus governos foram desastrosas para a nossa economia e são responsáveis por nunca termos chegado ao pelotão da frente da União Europeia. Tiveram efeitos imediatos razoáveis, mas demonstraram ser um fiasco a longo prazo. Se tomarmos como comparação a Irlanda que, durante os governos Cavaco, estava a par de Portugal em termos económicos e hoje é uma das economias mais saudáveis da União Europeia, logo se percebe que algo não correu bem.

Ps: Já agora, não pude deixar de notar que passámos de um presidente que falava muito e dizia pouco, para um que fala pouco e ainda por cima mal. Nã0 estou a falar da dicção, que é reconhecidamente má, mas sim da qualidade do Português. O discurso de tomada de posse estava recheado de calinadas gramaticais. Como tenho dúvidas que elas tivessem escritas no papel, o autor das mesmas só pode ter sido quem lia o dito papel. No entanto, uma frase ainda hoje ecoa na minha cabeça:
"Os portugueses se não revejam em..."
Apre...

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